A mídia social? O papel social da mídia, como agente da cidadania, acaba ficando confuso.


15 novembro 2003

Ao ouvir falar mídia social, muitos logo imaginam a alta sociedade aparecendo na mídia. Mas não é desta mídia que queremos falar, e sim daquela transformadora, daquela que pode mudar as características do país.
Atualmente a mídia deveria desempenhar um papel de agente social para as questões da cidadania, envolvendo a questão do índio, dos idosos, das crianças e a postura do cidadão quanto à violência, ao direito do consumidor, entre outros temas que afetam a todos nós, todos os dias.
É certo que muita violência ainda é retratada com vigor pelos veículos de comunicação, alguns inclusive confundindo o seu leitor, telespectador ou ouvinte, com apelos à cidadania, mas mostrando somente as ações policiais e acidentes. Afinal, qual a ação cidadã disto?
O papel social da mídia, como agente da cidadania, acaba ficando confuso entre programas e
reportagens que são levados ao conhecimento do público de forma errônea, sem critérios, através de uma mídia que transborda assuntos deturpadores da realidade social brasileira, fazendo-nos crer que só existem campos de batalha, dando pouco espaço para os belos jardins que insistentemente resistem e crescem. Será que este papel negativista da mídia com relação à cidadania não deveria ser urgentemente revisto?
Como profissional de comunicação, o meu trabalho tem sido voltado para a comunicação social que agrega valores, que estimula o cidadão a buscar seus direitos e a cumprir seus deveres, este sim, o verdadeiro cidadão.
Vários projetos na área de educação, saúde, assistência social e inclusive de comunicação, têm contribuído para o esclarecimento e informação da população. E por falar em informação, quantos brasileiros ainda vivem à margem da informação em função do inaceitável analfabetismo? Você deve estar pensando que para ouvir rádio e ver televisão não é preciso saber ler e escrever. É verdade, não é necessário. Mas para interpretar as notícias que nos chegam com estrangeirismos, “econômes”, e recheadas de termos e palavras que mais parecem enigmas, é sim necessário saber ler e escrever. E não basta ler e escrever funcionalemnte, mas sim ler, compreender e confrontar com suas próprias opiniões.
Hoje, aproximadamente 11% da população brasileira é analfabeta. Este contingente tem acesso ao rádio e à televisão. Dados recentes indicam que 89% da população brasileira tem acesso à programação radiofônica e 90% à televisiva. Você consegue imaginar a “Revolução Cidadã” que estes veículos, devidamente engajados em programações socialmente responsáveis, são capazes de provocar? Não? Imagine programas de rádio e televisão “convocando” a população para a erradicação conjunta do analfabetismo? Imagine o resultado, se cada um de nós ensinasse uma pessoa a ler e a escrever, ou melhor ainda, ensinasse também a interpretar seus direitos e deveres? Será que o efeito seria o mesmo alcançado no movimento contra o apagão em 2001? Será?
Pois é. São perguntas que não querem calar. O que sabemo é que atualmente grande parte dos profissionais da comunicação dos grandes veículos brasileiros ainda não estão atentos e preparados para este tipo de comunicação socialmente responsável.
Presenciamos ainda campanhas publicitárias que nada acrescem à população brasileira e à imagem dos produtos. Vemos ainda anunciantes e profissionais de mídia apoiando programas que agridem ainda mais a estima do brasileiro, tratando-os como reles "terceiromundistas".
Por que nossa mídia insiste em valorizar os enlatados estrangeiros em vez de investir em produções nacionais, na televisão, no rádio, cinema e outras mídias? Muitos produtores de rádio, por exemplo, batem no peito e dizem que produzem programas voltados à cidadania, fazendo prestação de serviço. A saber: informações sobre condições do trânsito, locais de inundação em dias de chuva, buracos na pista, acidentes, hospitais que precisam de doação de sangue etc. Mas será que a responsabildade social destes espaços se limita a este tipo de prestação de serviço? Não se trata de tirar o mérito e utilidade desta prestação de serviços, mas sempre me lembro da verdadeira revolução que os veículos podem fazer, transitando entre a informação, o entretenimento e, principalmente, a educação.
Muitos ainda confundem ações sociais com prestação de serviço, enquanto outros confundem política sociais com políticas de recursos humanos, mas isto é uma outra história.
Enquanto isto, muitos programas educativos são esquecidos pelas agências de propaganda e profissionais da área. Não podemos crer que o  brasileiro só gosta de sexo e malandragem. Temos que acreditar na possibilidade da mudança através da boa educação e informação, com projetos de qualidade para todos os tipos de veículos.
Esta é a mídia social que tanto almejamos. Basta-nos, investidos em nosso papel de cidadão/profissional ou profissional/cidadão, assumirmos definitivamente nossa vontade e condição de mudar o país sem o levante das armas, mas somente com a força de nossa palavra, atingindo um estágio sem desigualde educacional, social e cultural.
Seriam estas cenas do próximo capítulo? Tenho fé e trabalho para tanto.

<!– AddThis Button BEGIN –>

 

[removed]// <![CDATA[
var addthis_config = {"data_track_addressbar":true};
// ]]>[removed]
[removed][removed]
<!– AddThis Button END –>