Empreendendo iniciativas, transformando realidades


15 junho 2003

Organização sem fins lucrativos do Paraná dá exemplo de empreendorismo social, oferecendo à sociedade centro de tratamento democrático à crianças portadoras de câncer.

Dentre as qualidades existentes nos empreendedores, sejam eles empresariais ou sociais, o pioneirismo se apresenta como um vendaval de coragem e esperança frente às situações de necessidade, dúvida e fragilidade. Os pioneiros raramente param para discutir a falibilidade de suas iniciativas, concentrando-se verdadeiramente em suas potencialidades, transformando-as em atos e gestos práticos. Estes protagonistas dos palcos diários da vida são fundamentais para fazer a roda girar. Não conhecemos ao menos um empreendedor que não concorde e não tente por em prática a máxima de Albert Einstein, que afirma que “por não saber da impossibilidade de se fazer, foi lá e fez”.
E neste espaço, janela de apresentação de organizações e projetos sociais marcados por características de sucesso, é impossível não lembrar deles, os empreendedores sociais. Pessoas extremamente sensíveis aos acontecimentos que se sucedem ao seu redor, carregam consigo a inconformidade constante, crendo sempre na possibilidade da melhoria e do avanço nas condições sociais em seu entorno. São elementos fundamentais para o processo de reconstrução da sociedade brasileira.
E aproveitamos a deixa para dar a primeira dica desta coluna, recomendando fortemente aos gestores sociais o fomento do empreendedorismo em sua organização, abrindo espaço para sugestões e participação ativa e criativa de seus componentes. A liderança é fundamental na motivação dos liderados rumo à identificação e implementação de novas idéias, oásis de esperança frente ao calor insuportável da mesmice, cadafalso do fracasso. Líderes, formem grupos de discussão temáticos, promova “brainstorms” – tempestades de idéias -, tenha caixa e e-mail de sugestão e, principalmente, seja acessível e verdadeiramente aberto às novidades que tragam consigo melhorias. Agindo desta forma, as chances de sua organização se tornar um celeiro de boas idéias e, conseqüentemente, um caso de sucesso, aumentam exponencialmente.
Causa e conseqüência
Como já falamos de empreendedorismo, criatividade e caso de sucesso, cremos pertinente colocar em pauta a organização a ser apresentada neste espaço, a APACN – Associação Paranaense de Apoio à Neoplasia, fundada em outubro de 1983 e sediada em Curitiba/PR. De acordo com declarações da própria organização, foi a primeira no Brasil a apoiar crianças carentes com câncer. Trata-se de uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, considerada de utilidade pública que tem como objetivo primário a humanização do tratamento do câncer infantil, dando direito ao atendimento a qualquer criança, independentemente de sua posição sócio-econômica, cultural ou religiosa. E por incrível que pareça, muitas pessoas ainda desconhecem que a neoplasia ou câncer é uma doença com grandes possibilidades de cura, principalmente quando precocemente diagnosticada e tratada. Além das práticas usuais de tratamento, uma etapa muito importante no processo de cura acontece no acompanhamento durante e após o tratamento clínico. É nesse período que o paciente precisa aprender a conviver com a doença e suplantar as conseqüências físicas e psicológicas decorrentes do tratamento. E foi nisso que a APACN se especializou.
Como conseqüência da iniciativa de casais com filhos de portadores de algum tipo de câncer,que perceberam que estas crianças precisavam de amparo, essa tão importante causa ganhou uma forte aliada. Com o passar das primaveras, as iniciativas ganharam força e reconhecimento, possibilitando o firmamento de parcerias e a ampliação da capacidade de atendimento. Exemplo foi o acordo firmado em 1988 com o Hospital de Clínicas da UFPR – Universidade Federal do Paraná –, estopim da construção do Ambulatório Menino Jesus de Praga, que hoje atende cerca de 550 pacientes por mês. Um avanço sem precedentes na história da organização! Parcerias como esta, além dos benefícios intrínsecos, explicita outro ponto decisivo no sucesso de um empreendimento social: os relacionamentos cultivados do portão para fora da entidade.
Desculpem-nos a objetividade da colocação, mas não podemos nos furtar a reconhecer que um imenso contingente de atores sociais conduz suas iniciativas olhando para o próprio umbigo, como se ali estivesse a solução para todos os obstáculos a serem transpostos. Ledo engano. Demonstrações, como a parceria supracitada, evidenciam o potencial de melhoria que existe no “mundo lá fora”. Alguns podem exclamar: “ah, se fosse tão fácil eu já teria feito…”; outros ainda bravejar: “você está falando porque o problema não é seu”, e outro ainda poderia vociferar: “este negócio de parceria é um jogo de cartas marcadas, só ganha quem tem padrinho”. Obviamente não podemos ignorar – seria um desrespeito utópico – que as dificuldades existem, que é mais fácil falar estando de fora e que sim, existe muito Q.I. (“quem indica”) em jogo. Mas se a atitude do gestor social for de passividade solene, aí é que os obstáculos se agigantarão e as oportunidades escassearão sem cerimônia. Portanto, reforçamos a importância de pensar globalmente e agir localmente, identificando as possibilidades de alavancar os seus projetos sociais, trazendo-lhes visibilidade, energia e reconhecimento.
Quer outra prova que o exercício constante de cultivo de parcerias pode trazer: a APACN recebeu do Governo do Estado do Paraná, uma área de 12.500 m2, no Tarumã. As obras começaram em 1993 e, hoje, tem capacidade para acomodar 200 pessoas, possibilitando maior conforto para que o paciente e seu acompanhante recebam a adequada assistência.
De portais abertos
 Cumprindo o papel de observador atento das características da APACN, percebemos uma interessante estratégia de divulgação das questões relacionadas à causa e às atividades da organização. Um exemplo claro é a sua página na internet, a rede mundial de informações. Dentro do site, é possível obter muitas informações sobre o dia-a-dia da entidade. E além de uma apresentação institucional, a página busca uma interação com o navegante virtual. Lá é possível saber quais são os tipos de voluntários que a instituição mais precisa (com descrição de seus afazeres) e os canais de contato. Além disso, em uma convincente estratégia de captação de recursos, é possível ouvir no próprio site trechos do CD de músicas infantis gravado pelas crianças atendidas, conhecer um vídeo explicativo sobre leucemia e alguns livros que visam democratizar o conhecimento acerca do tratamento do câncer infantil. Todos estes materiais estão à venda, capitalizando recursos para a APACN. Finalmente, mas não menos importante, o site é utilizado para prestar contas aos colaboradores, apresentar a agenda de eventos e as campanhas que estão ocorrendo. Ponto para a APACN, que utiliza forma muito produtiva esta indispensável ferramenta de comunicação que é a internet.
 E para aqueles que se vêem impossibilitados de utilizar esta ferramenta – em função de falta de conhecimento técnico ou recursos financeiros –, trazemos uma boa notícia: existem vários portais que ensinam como fazer e hospedam (ou mantêm ativos) gratuitamente as páginas que forem criadas. O seu trabalho é seguir as instruções do passo-a-passo inicial e depois manter atualizada a sua home page. Uma forma simples de conhecer estas possibilidades é acessar uma página de busca e digitar “home page grátis”. Temos certeza que surgirão vários links para serviços gratuitos de criação e hospedagem de páginas virtuais.
 Um outro caminho é o escolhido pela APACN, que firmou parceria (olha ela aí de novo!) com empresas que trabalham neste segmento. Assim, a sua organização poderá ter um espaço virtual mais elaborado e convidativo à navegação. Seja qual for a opção, o importante mesmo é estar na rede, uma vez que se trata de um cartão de visita muito prático e ágil nos dias de hoje. Até porque o “abismo digital” é decrescente, e cada dia mais pessoas têm acesso à internet.
 Em defesa da causa
 Apresentando o “arsenal” que a APACN utiliza no combate diário ao câncer infantil, começamos por sua estrutura, formada por uma Casa de Apoio e um ambulatório. Contabilizando 1435 atendidos em sua trajetória, a Casa de Apoio suporta, simultaneamente, às necessidades básicas de 120 crianças portadoras de neoplasia. Dentre elas, destacamos: hospedagem, alimentação, transporte, medicamentos e atividades voltadas à saúde física e mental dos atendidos. Já o ambulatório atende diariamente 30 crianças, realizando procedimentos como exames laboratoriais, pré-consulta onde são coletados dados sobre o paciente, consultas com médicos especializados, sessões de quimioterapia e atendimento com o Serviço Social. Destaque também para a iniciativa de tele medicina, que possibilita à organização o acesso às  experiências, informações e instruções de médicos do exterior.
 A estrutura apresentada não poderia gerar resultado sem a dedicação do grupo de colaboradores, formado por funcionários e voluntários. Estes formam um batalhão de 320 pessoas, envolvidas em pelo menos 23 atividades da entidade, para as quais recebem treinamento e orientação contínua. A correta condução deste grupo dá um indispensável fôlego à associação, permitindo-a ampliar o alcance de suas iniciativas.
 Uma outra forma que a APACN desenvolve no sentido de defender a sua causa é a criação e distribuição de publicações que multipliquem informações sobre a neoplasia, facilitando o entendimento por parte da sociedade e aumentando as chances de trazer para perto novos aliados. São publicações com informações médicas para crianças, professores e pais, com o objetivo de conscientizar sobre esse problema e ajudar as crianças portadoras dessa doença a se integrarem o mais rapidamente possível ao seu ambiente.
 Fortalezas e áreas de oportunidade de melhoria
 Baseando-se em um conceito de melhoria contínua, extremamente pertinente também às entidades sociais, a APACN reconhece e trabalha para fortalecer ainda mais os seus pontos fortes, declarados como sendo a sua transparência, preocupação com a cura dos atendidos e o grupo de voluntários. E como o alcance da melhoria depende da identificação dos problemas, a organização apresenta a captação de recursos e a capacitação de funcionários como áreas a serem desenvolvidas. O exercício constante de auto-avaliação é fundamental para corrigir desvios de rota e colocar ainda mais combustível naquele motor que está tinindo. Não cansamos de dizer que “mais importante que a velocidade é a direção”. Portanto, atenção aos rumos de suas iniciativas. De nada adianta navegar à exaustão sem antes saber aonde se quer chegar. E tampouco vale a pena avançar em altíssima velocidade rumo ao despenhadeiro.
 E como citamos a transparência na condução de suas iniciativas, vale ressaltar que a APACN divulga freqüentemente o seu balanço social e jornal de reconhecida circulação, dando segurança aos seus apoiadores.
 E nesta levada a APACN vai mantendo estrutura atual e buscando ampliar a sua positiva interferência na sociedade, capacitando-se continuamente para melhor atender, prestando uma notável contribuição em um momento de notável fragilidade das crianças portadoras de câncer e seus familiares.

APACN em números:
„X Capacidade de atendimento atual: 200 pacientes, simultaneamente
„X Atendimentos: 1435 em toda a história de sua Casa de Apoio, além dos 30 atendimentos diários do ambulatório.
„X Voluntários: atualmente 320
„X Necessidades: doação em espécie, computadores e impressoras.
„X Refeições fornecidas no intervalo de um ano (4 refeições diárias): 76.452

Voluntariado
Funções para colaboradores voluntários: Almoxarifado de Alimentos, Almoxarifado de Roupas, Ambulatório, Bazar de Usados, Carnet, Coordenação de Voluntários, Costura, Costura Externa, Divulgação, Escolinha, Eventos, Hospital de Clínicas, Imprensa, Informática, Lojinha, Mala Direta, Manutenção, Odontologia, Oficina de Ofícios, Psicologia, Recepção, Recreação, Transporte.
Mais informações sobre as funções no site da organização, no link “Voluntários”.

Contatos:
APACN – Associação Paranaense de Apoio à Neoplasia
Rua Oscar Schrappe Senior, 250 – Tarumã – CEP 82.810-690 – Curitiba/Pr
Fone: 055 041 267-7475 – Fax: 055 041 366-4244
E-mail: apacn@apacn.org.br
Site: www.apacn.org.br

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