Solo Sagrado


15 fevereiro 2003

Se existem paraísos, e não estamos falando do bairro da capital paulista, um exemplar está bem próximo à cidade de São Paulo, mais precisamente a 25 Km da Av. Paulista, no Bairro de Parelheiros. Este local, que preenche com frequência páginas policiais de periódicos, é retrato de um desequilíbrio social gerador de índices de violência alarmantes. Mas a pauta, neste espaço, será outra: a preservação e admiração pela natureza.
Utopias à parte, todos deveríamos ter a oportunidade de viver em um lugar parecido com o Solo Sagrado. Sagrado pela beleza, pelo cuidado, pelo respeito à natureza. Sagrado por Deus, que certamente vê neste espaço sua obra reproduzida pelas mãos do homem.O caro leitor já deve estar se perguntando que lugar é este? Estamos nos referindo ao Solo Sagrado, sede do Movimento Mundial Mokiti Okada no Brasil, que fica às margens da represa de Guarapiranga. Este espaço já recebeu, desde 1995, milhões de pessoas em busca de paz e tranqüilidade, sensações imprescindíveis para a estabilidade humana, mas freqüentemente perdidas nas grandes cidades brasileiras.
O local, como o nome diz, é sagrado pela conjunção dos elementos básicos da natureza: terra, lua (água) e fogo (sol). Sagrado também pela intervenção consciente das mãos do homem, que ajudaram a resgatar o meio-ambiente, tornando-o mais harmonioso. Foram criadas cascatas, jardins que florescem o ano todo, espaços para meditação, lagos e trilhas convidativas através de projetos paisagísticos inspirados na milenar cultura japonesa. Como marco do local, existe um templo a céu aberto que convida instantaneamente o visitante a uma pausa para reflexões sobre sua condição humana.
Visitamos o Solo em um dia chuvoso. Mesmo sem a motivação de um dia de sol, encontramos guias voluntários extremamente dispostos a ajudar, anunciando a forma de relação interpessoal predominante naquele espaço. Encontramos um grande número de visitantes provenientes de todo o Brasil, reunidos em excursões ou em investidas solitárias. Afinal, o que uma visita ao Solo Sagrado poderia acrescentar para estas pessoas, inclusive nós, que visitávamos o parque? As respostas começaram a surgir logo no início da jornada. Imediatamente fica caracterizada a harmonia que envolve os elementos da natureza. Harmonia entre si e com os freqüentadores. Por incrível que pareça, apesar de existirem milhares de metros quadrados gramados, cada pedaço é conservado limpo e sem uma pessoa sequer fazendo deles um caminho adaptado. Detalhe: não há placas que proíbam a passagem. Itens bastante simples, mas ignorados no corre-corre diário.
 Durante a nossa visita fomos acompanhados pelo chefe do Setor Ambiental, que nos conduziu até o escritório administrativo do Solo. Na sala de espera notamos a existência de um monjolo1 feito com bambu. O som produzido por aquele aparato apresenta-se em perfeita consonância com o conjunto do parque: suavidade harmônica, fonte inspiradora de paz. Seguimos nossa visita conhecendo o centro cultural, local que abriga uma réplica de uma típica casa de chá japonesa. Lá pessoas recebiam Johrei2, apreciavam uma exposição de quadros produzidos com a técnica denominada pontilhismo. Em cada uma das atividades presentes havia um convite explícito à apreciação consciente da natureza, e não apenas uma contemplação passiva e reativa.
 O respeito aos seus freqüentadores, oriundos de todo o Brasil, está presente também nas acomodações e estruturas. Há um alojamento para 300 pessoas, além de um refeitório, centro de treinamento, posto de saúde, lanchonetes entre outras facilidades, extremamente necessárias em função das caravanas de voluntários que vêm para prestar ao menos um dia de auxílio. No centro do parque encontra-se o altar do Deus Supremo Criador do Universo, onde existe uma torre de 71 metros de altura que cumpre um papel de captador da luz solar, posteriormente dissipada e expandida através do altar. Apesar da vontade de detalhar com mais precisão o que pode ser presenciado neste local, precisamos completar o texto com outras informações. Mas as imagens que ilustram esta matéria certamente nos ajudam a transmitir a mensagem desejada pelos administradores do parque. 
 Faz-se necessário complementar a resposta iniciada linhas acima, após perguntarmos em que a criação deste espaço pode agregar àqueles que o freqüentam e à comunidade. Qual o papel social desta iniciativa? Imediatamente percebe-se a preocupação em transmitir a importância do respeito à natureza, base do trabalho no Solo Sagrado. Esta noção de respeito no contato com o natural podem ser transportadas para fora do parque, causando transformações, pequenas ou grandes, no espaço em que cada visitante ocupa. A forma de construção e manutenção do parque são lições constantes de como o homem pode interagir harmonicamente com a natureza. Alguns exemplos: canais de condução da água pluvial com degraus para evitar a erosão e o assoreamento da represa de Guarapiranga (que circunda o parque); utilização de adubo orgânico nos jardins e em parte das verduras utilizadas no refeitório; coleta seletiva e reciclagem do lixo e preservação e recriação de parte da Mata Atlântica.
No Solo Sagrado, a educação ambiental voltada para a sustentabilidade rege as regras do jogo. Cursos e eventos são realizados com frequência, a partir de iniciativas dos próprios administradores e também de organizações sociais que utilizam o espaço para conduzir suas atividades. Dentre outros aprendizados, o parque criado e mantido através da contribuição dos membros da Igreja Messiânica Mundial do Brasil, nos ensina que é possível o desenvolvimento sustentável, mesmo em ambientes urbanos, assim como é viável desenvolver projetos arquitetônicos causando o mínimo de impacto ambiental. Além disso, exercita-se fluência a consciência de nossa responsabilidade perante a grande natureza.
Fica bastante claro o interesse da Fundação Mokiti Okada em tornar o espaço do parque disponível para a interação com empresas, instituições de pesquisa e organizações governamentais ou não, visando o desenvolvimento de trabalhos que multipliquem a importância da educação ambiental. Aproveitar esta oportunidade é uma decisão válida e enriquecedora, especialmente quando levamos em conta o papel decisivo que cada um de nós tem na interação com o meio-ambiente. Visite o Solo Sagrado e leve para o seu dia-a-dia as experiências que lá forem sentidas.

Informações adicionais:
237 mil metros quadrados
50.000 pessoas – a capacidade do espaço
71 metros -a torre de captação de luz solar
1.500 voluntários no primeiro domingo de cada mês
50 voluntários diariamente
5.000 árvores plantadas
2.000.000 de visitantes em 07 anos
1.000 carros – capacidade do estacionamento

Monjolo – instrumento utilizado pelas fazendas antigas para triturar o milho ou trigo, feito de madeira com uma das pontas em forma de martelo e a outra em forma de concha que se abaixava quando cheia d’água, ao esvaziar quebrava os grãos com a outra ponta.
Johrei – técnica de energização por imposição das mãos, utilizada pelos membros da Igreja Messiânica

Síntese da Filosofia de Mokiti Okada:
“Ao longo de 3000 anos a humanidade veio se afastando cada vez mais da Lei da Natureza, que é Lei do Universo, a Verdade. Movido pelo materialismo, que o faz acreditar somente naquilo que vê, e pelo egoísmo, que o leva a agir de acordo com sua própria conveniência, o homem tornou-se prisioneiro de uma ambição desmedida e inconseqüente e vem destruindo o equilíbrio do planeta, criando para si e seu semelhante, desarmonia e infelicidade. As graves conseqüências do desrespeito às Leis Naturais podem ser verificadas na Agricultura, na Medicina, na saúde, na Educação, na Arte, no Meio ambiente, na Política, na Economia e em todos os demais campos da atividade humana. Essa situação já chegou ao seu limite. Se continuar agindo assim, é certo que o homem acabará destruindo o planeta e a si mesmo. O propósito da Filosofia de Mokiti Okada é despertar a humanidade, alertando-a para esta triste realidade. Ela cultiva o espiritualismo e o altruísmo, faz o homem crer no invisível e ensina que existem espírito e sentimento não só no ser humano mas também, nos animais, nos vegetais e nos demais seres. O Johrei, a Agricultura Natural e o Belo são práticas básicas dessa filosofia, capazes de transformar as pessoas materialistas em espiritualistas e as egoístas em altruístas, restituindo ao planeta seu equilíbrio original. Seu objetivo final é reconduzir a humanidade a uma vida concorde com a Lei da Natureza e construir uma nova civilização, alicerçada na verdadeira saúde, na prosperidade e na paz.”


Solo Sagrado
Estrada do Jaceguay, 6567
Santo Amaro – SP
CEP 04870-020
Fone – 11 5970-1000
Aberto de Terça a Domingo das 08 às 17 horas
Entrada franca