Um ano de conquistas do programa de rádio Canto Cidadão


15 março 2003

O programa de rádio Canto Cidadão está completando um ano de existência. Precisamente no segundo dia de fevereiro de 2002 ia ao ar, ao vivo, através da Rádio Boa Nova, para todo o Brasil, a primeira edição de um espaço pensado, produzido e apresentado para democratizar informações sobre cidadania e, especialmente, o fortalecimento dos movimentos organizados da sociedade civil, característicos do novo Terceiro Setor.
Assim como podem ser percebidas algumas evoluções no exercício do poder público, outras tantas ficam visíveis no comportamento da mídia, em especial em uma parcela da imprensa. É notório o importante papel que os jornalistas, radialistas e comunicadores em geral têm no fortalecimento das instituições democráticas. Em uma das mãos a sociedade delega à representantes o poder de gerenciar seus recursos. Nada mais justo e equilibrado na democracia. No entanto, a equação só faz sentido se na outra mão estiver a possibilidade de acompanhamento das atividades públicas e seus consequentes resultados. A famosa relação inter-setorial e a necessária prestação de contas.
E quando entra em pauta a necessidade de transparência na comunicação da gestão pública, acreditamos que a imprensa de denúncia e investigação têm seus papéis. Entretanto, a informação para a formação demonstra ter uma capacidade transformadora. Não se pode substituir a inadiável tarefa de educar que a imprensa tem pelas reportagens que se encerram na denúncia. Enquanto esta reside nas mãos da editoria do veículo de comunicação, aquela convida e prepara o cidadão a exercer um papel participativo e crítico constantemente.
Já falamos sobre isso neste espaço, mas retomamos o assunto em função de sua importância e urgência. Trata-se da responsabilidade do comunicador ao abrir o microfone, redigir um texto ou ligar uma câmera. O poder de influência desses profissionais torna a sua tarefa digna de muita atenção, sendo deveras necessário calcular o resultado de suas ações. Mas não se trata nem de perto de uma defesa da ignóbil censura. Em absoluto. Estamos falando exatamente do oposto: democratizar informações relevantes à formação da consciência cidadã, evitando o preenchimento banalizado dos espaços das mídias com programas que ofendem e subestimam a inteligência de sua audiência.
O leitor tem o direito de imaginar que se trata de mais um texto com sustentação apenas teórica. Até porque, como dizem com frequência, “papel aceita tudo”.
Buscando esclarecer qual a real motivação deste espaço, tomamos a liberdade de informar que baseamo-nos, sobremaneira, na convicção da possibilidade de convidar através dos meios de comunicação ao processo cidadão. E esta convicção vem dos feitos alcançados pelo programa de rádio Canto Cidadão, citado há pouco. 
Ao longo de um ano de transmissões diárias, o programa vem abordando questões relativas aos pilares fundamentais do Terceiro Setor, especialmente a promoção do trabalho voluntário, a captação de recursos e sustentabilidade, a capacitação profissional específica e a responsabilidade social corporativa. Além destes temas, o convite à cidadania se dá através da informação relacionada aos direitos do consumidor, à importância da consciência ecológica e aos cuidados fundamentais para a manutenção e promoção da saúde física e emocional. Acreditamos desde o início que a dedicação a esses temas levaria ao ouvinte-cidadão uma programação que agregasse valor ao seu dia-a-dia.
Lembramos de alguns números do programa Canto Cidadão, que representam o que foi apresentado em um ano de trabalho: mais de 500 oportunidades de emprego em organizações sociais; aproximadamente 400 opções de cursos, eventos e seminários relacionados aos temas em questão; mais de 500 dicas de shows e espetáculos com custos acessíveis ao cidadão. Estes exemplos, somados à interação da produção do programa – através de cartas, faxes, e-mails e telefonemas – com cidadãos de mais de 200 municípios brasileiros, além de todas as regiões da Grande São Paulo, mostram que o brasileiro quer ser convidado para a festa. Vale ressaltar que estes números foram alcançados com um limitado espaço de tempo – duas horas semanais. 
Atualmente se fala muito em índices de audiência. Então não fujamos do assunto! Um importante instituto de pesquisas indica que a audiência do programa Canto Cidadão foi crescente mês a mês, atingindo picos excelentes. Devemos confessar que inicialmente existia um receio com relação à receptividade do ouvinte-cidadão, que vinha exatamente do fato de muitos não acreditarem que esse tipo de assunto poderia dar audiência, por mais que outros programas já tivessem mostrado o contrário.
Hoje o Canto Cidadão acredita mais do que nunca na possibilidade de alcançar o binômio qualidade-bons índices de audiência. Basta muita vontade e dedicação de tempo, inspiração e transpiração, insistindo na criação de programas e espaços que cativem e eduquem, numa fórmula interessante e necessária.
Continuaremos a desenvolver nossas iniciativas através do rádio, televisão, revistas, hospitais, internet e palestras. A cada novo espaço conquistado teremos a certeza de que um número maior de cidadãos estará recebendo informações úteis e aplicáveis em seu cotidiano, transmitidas de maneira clara e objetiva, permeadas de bom humor e descontração. Afinal, a chance de ser um cidadão participativo e consciente é real e muito saudável para o ser humano. Estamos, acredite ou não, em um país democrático. Sejamos cidadãos como propunham e efetivavam os gregos antigos, apropriando-nos do espaço público e viabilizando o bem-estar comum.
E para não fugir dos sempre atuais ensinamentos gregos, apresentamos o mito de Prometeu, pertinente à reflexão aqui exposta. Prometeu, um Titã, vivia no Olimpo e percebeu que os seres humanos não conheciam o fogo. Assim, roubou o fogo dos deuses para dá-lo aos mortais. Para os gregos, daí nasceu a civilização, não só no que diz respeito a cozer os alimentos e fazer tecidos, mas no sentido da filosofia, da ciência, do drama e da própria cultura.
Mas, e este é o ponto importante, Zeus ofendeu-se e ordenou que Prometeu fosse punido. Prenderam-no com correntes, no monte Cáucaso, e todas as manhãs um abutre ia devorar-lhe o fígado, o qual tornava a crescer durante a noite. O final do mito: ele só poderia libertar-se das correntes e da tortura quando um imortal renunciasse à imortalidade, oferecendo-a como expiação por seu crime. Quíron (outro símbolo fascinante, meio homem e meio cavalo, respeitado por sua sabedoria e conhecimento da arte de curar, e que criou Asclépio, o deus da medicina) ofereceu a sua imortalidade para salvar Prometeu.
Este mito deixa claro o desafio: distribuir o fogo do conhecimento e da informação, convidando a todos para participar conscientemente da revolução cidadã. A fúria dos deuses? Enfrentemo-na, com a mesma força que nos faz sobreviver a ela há tempo demais.
O Canto Cidadão aproveita este espaço, neste período especial de comemoração, para agradecer a todos – e não foram poucos – que vêm acreditando e colaborando para o sucesso de nossas iniciativas. 
Um forte abraço e até a próxima edição!

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