Um parque de cidadania | Ao conhecer a sede da organização, uma pequena casa de madeira encravada no meio do parque, percebe-se a preocupação responsável com a ecologia.


15 dezembro 2002

Localizar o Parque da Água Branca não é tarefa difícil. Este espaço de natureza fica em uma região permeada de prédios, empresas e residências da zona oeste de São Paulo, bem próximo à região central da maior metrópole da América Latina. Aproximando a lupa, encontramos a área do parque inserida no polígono formado pelas ruas Ministro Godói, Turiassú, Dona Germaine Buchard e avenida Francisco Matarazzo. Um pouco de história: este espaço já foi palco, no início do século vinte, da Escola Prática de Pomologia e Agricultura, que tinha como missão ensinar a teoria e a prática dos processos científicos no cultivo de árvores frutíferas e legumes. Esta escola teve vida breve, sendo desativada no início de 1911. Porém, o espaço continuava lá, óbvia opção de lazer e contato com a natureza para os cidadãos paulistanos. Durante muito tempo, após a desativação da escola, o parque foi utilizado como um viveiro de plantas da Prefeitura, dividindo espaço com outras benfeitorias: armazéns, depósitos, estábulos, sobrado para moradia e até mesmo água canalizada, proveniente de fontes próprias. Um grande recurso público praticamente abandonado e ocioso.
 A reação organizada da sociedade civil tardou, mas enfim chegou. Indignados com a degradante situação do parque – sujeira, assaltos e abandono -, um grupo de freqüentadores formou, em 1981, a Associação de Ambientalistas e Amigos do Parque da Água Branca, a ASSAMAPAB, hoje legalmente apresentada como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). As batalhas pela consolidação do Água Branca como um dos mais importantes pólos de lazer, cultura e interação com a natureza dos paulistanos foi árdua, mas premiada com conquistas. Uma delas, certamente muito importante, foi alcançada em 25 de Março de 1983, com o início do processo de tombamento do parque, que acabou consolidado aos três dias do mês de junho de 1996. Esta conquista foi fundamental para a preservação da área verde, com a manutenção de suas características. O tombamento coincidiu com a implantação do Projeto de Revitalização, iniciado em 1995, sob a coordenação da paisagista Bárbara Uccello. A equipe, totalmente voluntária, foi formada por agrônomos, botânicos, arquitetos, veterinários e especialistas de várias áreas, que assumiram o desafio de executar obras de melhoria em vários setores, desde saneamento até mapeamento botânico. 
Ao conhecer a sede da organização, uma pequena casa de madeira encravada no meio do parque, percebe-se a preocupação responsável com a ecologia, com ações que extrapolam os limites do parque, objetivando a formação de amantes da natureza, potenciais multiplicadores da importância do respeito ao meio-ambiente. Para tanto, a associação mantém uma série de atividades, alicerçadas no trabalho voluntário: 15 fixos e dezenas incorporados às atividades esporádicas.
 A viabilidade financeira é alcançada através de fontes variadas, medida prudente e necessária para o atingimento, sem sustos constantes, dos objetivos sociais. Os recursos, portanto, vêm da contribuição de aproximadamente 400 sócios, da prestação de serviços de consultoria ambiental à empresas e prefeituras, além do desenvolvimento de parcerias estáveis envolvendo as necessidades e potencialidades do parque e seus freqüentadores. Para ilustrar a pertinente estratégia de parcerias da ASSAMAPAB, faz-se necessário apresentar algumas de suas iniciativas. Fica claro que o conceito de parcerias sinérgicas chegou e ficou nesta organização, tornando possível a superação de obstáculos e o alcance de metas estipuladas. 
Os grupos de trabalhos, ou GT´s, como são denominados, são divididos em iniciativas pontuais, mas relacionadas entre si. O Centro de Referência Ambiental, por exemplo, tem como atividades receber escolas do município – aproximadamente 180 alunos por semana – para visitas temáticas, nas quais são abordadas qüestões relacionadas à coleta seletiva de lixo, importância e valorização da água, história do parque, entre outros temas. Além da educação através de visitas, o Centro de Referência tem uma parceria com o Capacitação Solidária, que possibilita a formação de jovens na função de Monitores Ambientais. O resultado desta ação? Em dezembro de 2002 serão formados os primeiros 30 jovens monitores, após cinco meses de curso gratuito. A estratégia para evitar a evasão mistura qualidade no ensino à concessão de bolsas-auxilio, alimentação e vale-transporte. A grade curricular é composta por matérias específicas sobre ecologia, além de oportunas aulas de cidadania. Após a formatura, os jovens serão encaminhados para empresas e outros parques da cidade. 
Um outro grupo de trabalho, considerado o mais importante da organização, é o relacionado à defesa da área verde do parque. Os voluntários desta iniciativa, grande parte formada por profissionais ligados às questões do meio-ambiente, acompanham as árvores do parque, bem como seu desenvolvimento ou problemas que possam apresentar. Este trabalho garante a preservação das espécies presentes, mantendo as suas características nativas e possibilitando o estudo aprofundado. Outra iniciativa incansável pela conservação do local é o trabalho de Coleta Seletiva, atividade social especialmente bem sucedida. No último ano, foram 91 toneladas coletadas e R$ 12.091,85 arrecadados, verba inteiramente revertida para a equipe de coleta, responsável pela separação e preparo desse material para comercialização. Este grupo é formado por quatro ex-desempregados selecionados pela associação, que hoje resgataram minimamente sua cidadania e sobrevivem desta atividade. Vale ressaltar a efetividade desta ação, que convida o cidadão a praticar a coleta seletiva e a posterior entrega no parque, além de garantir o sustento honesto de trabalhadores anteriormente excluídos. Ação nas duas pontas: garantia de sustentação e continuidade.
Os demais grupos de trabalho ficam responsáveis por iniciativas como a Posse Responsável, que realiza trimestralmente uma feira, na qual os freqüentadores do parque são convidados a adotar filhotes de animais de estimação que foram abandonado pelas ruas da cidade. Já o grupo de Pássaros Livres possui uma parceria com o Centro de Estudos Ornitológicos da USP, proporcionando um espaço onde voluntários podem alimentar as aves, além de observarem seu comportamento e movimentos migratórios.
A ASSAMAPAB valoriza e investe na comunicação junto aos visitantes do parque, estimulando o sentimento de propriedade coletiva e interação. O Jornal da associação, com tiragem de 10.000 exemplares, divulga informações relacionadas às atividades do parque, além de realizar entrevistas com especialistas em qüestões ambientais. A interação é proporcionada pelo grupo de atendimento aos freqüentadores, que mantém regularmente aulas abertas e gratuitas, ministradas por voluntários, com mais de 50 participantes em cada atividade. Entre outras, relacionamos: Tai-chi-chuan, Dança do Dragão, Yoga Terapia, Lian gong, Exercício e Coração, Danças Circulares Sagradas, Ginástica Harmônica, Oficinas de arte-ecologia para terceira idade.
As iniciativas da ASSAMAPAB e seus resultados são provas de que a união de pessoas com objetivos comuns, visando o bem-estar da coletividade e administrando com profissionalismo o espaço público, podem mudar o destino de um presente da natureza. Felizmente a história dá voltas, e hoje Parque da Água Branca, elevado à condição de referência para a população paulistana, recebe aproximadamente 120 mil visitantes por mês.

Números da associação e do parque:

„X Data de criação do espaço: 1904
„X Data de Tombamento do parque: 03/06/1996
„X Número de estudantes visitantes: 180 por semana
„X Número de jovens monitores formados: 30 por semestre
„X Quantidade de material reciclável coletado em 2002: 91 toneladas
„X Tiragem do jornal da associação: 10 mil exemplares
„X Aulas abertas e gratuitas: Tai-chi-chuan, Dança do Dragão, Yoga Terapia, Lian gong, Exercício e Coração, Danças Circulares Sagradas, Ginástica Harmônica, Oficinas de arte-ecologia para terceira idade
„X Número mensal de visitantes: 120.000


Você pode falar com a Associação de Ambientalistas e Amigos do Parque da Água Branca ASSAMAPAB:
Av. Francisco Matarazzo 455 – caixa postal 61134 – CEP 05001-970 –
Tel. (011) 3675-7436
Email: contatos@assamapab.org.br
Site : www.assamapab.org.br

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