Bom dia a todas e todos! Seguimos compartilhando momentos especiais vivenciados pelos nossos elencos voluntários! Esse aconteceu em fevereiro com a Palhaçaria do Canto, sobre o qual a Voluntária Adriana de Fátima Nunes Lima nos relata o seguinte:
“Decidimos ir ao ambulatório do dia. Atravessamos portais, seguimos a luz, tentamos levar quem estava no caminho (sem sucesso). Fomos abordadas por um ser que tinha nossa foto eternizada em seu aparelho telefônico, disse que estava nos esperando (deve estar até agora). Até tentamos voltar, mas nos perdemos em meio a multidão. (…) Dizem que o destino tem força e ele literalmente nos chamou. Liguei meu modo ‘pensa rápido e se joga’ e fui. E não é que tô aqui pra contar o causo? Ou o que mais ficou dizendo em mim.
De repente éramos celebridades. As atenções eram para nós (que eu faço com isso agora?). Sei dizer não… só sei que foi assim: encontros rápidos e divertidos no emaranhado de gentes todas e tais. Nosso GPS sempre funciona invertido e claro que fomos pra onde não era (ou era?) pra ir. Fomos. Seguimos a onda humana. Cantamos, dançamos, trocamos e sim fomos muito abraçadas (…) As pessoas se jogavam em nossos braços, achamos melhor (intuitivamente) segurar todo mundo. Já pensou gente sem dente e no chão na conta do Canto Cidadão? Até rimou! Fizemos um concurso com todo o corredor de gargalhadas mas tinha que mexer a barriga, mudamos por alguns momentos aquele lugar. Além dos abraços e risos, recebemos bênçãos, várias. Um senhor em pé em uma fila de peru de natal colocou a mão no meu ombro e disse: ‘Parabéns, que vocês sejam muito abençoadas por esse milagre!’
Uma outra senhora (linda) disse que nossa energia deixava ela arrepiada (e tava mesmo), ela pediu um abraço. Senti o coração dela junto ao meu, foi longo. Respiramos juntas e senti o alívio dela, aí ela foi pra Mioleta.
Mas voltando pra fila do riso (lembra?) fui intuitivamente andando até o final do corredor que dava numa linda e pequena parede, e lá, uma pré-adolescente com uma bonequinha no colo e uma jovem (aos meus olhos) mulher visivelmente abalada. Ela estava de cabeça bem baixa e se tremia muito, suas pernas não paravam. Me agachei e perguntei se ela precisava de ajuda. Ela me disse que estava em crise de ansiedade e não conseguia parar de tremer. Pedi que ela abrisse os olhos, que só olhasse para os meus. Pedi se podia tocar as mãos dela e ela permitiu e eu disse: vamos sair dessa crise juntas? A Mioleta ficou com a menina e comecei um exercício de respiração: inspira-segura-solta no meu ritmo. Na terceira respiração as pernas tinham parado e ela esboçou um sorriso. Eu perguntei se ela queria mais, por que podia ficar melhor. Ela disse que sim. Perguntei se podia levantar seus braços, ela deixou. Levantei bem lentamente seus braços com a respiração e olho no olho, dei uma leve chacoalhada soltando o ar com som e o ‘milagre’ aconteceu. Quando abaixamos seus braços, era outra mulher. Sorria com os olhos e os lábios. Finalizei: ‘viu como você consegue? Nunca duvidei. Agora você já sabe.’ Parecia que só tínha nós duas, nenhum barulho… Foi mágico!
Depois lá pelos corredores do mundo de Alice (porque nem sabíamos pra onde queríamos ir) encontramos 2 casais de idosos. Um deles, casados há 55 anos (nem eu era nascida) o outro há 51. Neste, o senhor tem demência há mais de 10 anos e ele leu o nome da Mioleta e ficou repetindo muitas vezes. Eu pedi pra ele ler o meu e foi a primeira vez que alguém acerta a pronúncia do meu nome ‘Tssssssssuleeeennnnnnnnnta’. Foi lindo! Queria ter gravado, ele dizia o tempo todo.
Ahhhh foram tantos os encontros, até o trenzinho da quadrilha teve. Ufa! No final a ‘chefa’ disse que nosso atendimento é diferenciado e que nos confia setores que normalmente não passa para outras pessoas.”
Nos acompanhe para depoimentos mais incríveis como esse!