Entre a cruz e a espada


15 março 2004

Existe uma expressão que representa uma situação ou um sentimento contraditório. Entre a cruz e a espada. Estar nesta situação é vivenciar, de um lado, a emoção e a satisfação. Entretanto, a contradição se explicita pelo sofrimento e angústia que o protagonista sente, muitas vezes, simultaneamente.
Há alguns anos realizo uma atividade voluntária ligada à visitação hospitalar. Trata-se do trabalho do Dr. Raviolli Bem-te-vi, personagem que assumo quando estou na posição de um Doutor Cidadão. Semanalmente visito dezenas de pacientes internados, dentre eles jovens, adultos e idosos, de todas as classes sociais, lutando contra diversos tipos de enfermidades, em diferentes hospitais. As visitas do Dr. Raviolli, assim como de todos os outros 65 voluntários do grupo,  têm como missão levar, acima de tudo, motivação e bem-estar para o ser humano internado, mesmo que por alguns instantes. Posso afirmar que sinto-me à vontade com a realização do trabalho, uma vez que acredito fortemente na pertinência e utilidade dele, o que me motiva a continuar fazendo, além de promovê-lo frequentemente.
Nos últimos 30 dias, entretanto, o trabalho vem fazendo ainda mais sentido para mim. Acontece que meu pai está internado durante todo esse período no InCor, em função de um tratamento. É a primeira vez que alguém de minha família fica tanto tempo hospitalizado, vivenciando continuamente as características da longa internação, e tudo que dela decorre. Nos momentos em que estou na condição de acompanhante, busco traçar um paralelo com a atividade voluntária. Nesses momentos percebo com mais ênfase a importância de resgatar o paciente daquela rotina estressante do hospital.
Cada paciente tem as suas peculiaridades, mas cada vez mais creio que a amenização hospitalar, ou seja, a busca pelo bem-estar do paciente e toda a turma do hospital, é fundamental. Afinal, o que todos buscam é a qualidade de vida, que definitivamente não está somente relacionada à saúde física, mas sim ao ser humano de forma integral.
A cruz e a espada me trazem lições de vida extraordinárias: a recompensa de estar fazendo o bem através de um trabalho voluntário, e a certeza da força de um homem chamado José Ademar, meu pai.

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