Processo eleitoral

O que eu presenciei na cidade citada foi um exemplo do que provavelmente ainda acontece em muitos locais do país, e somente a atenção redobrada de cada um de nós pode limpar a estrutura de poder.

A maior parte dos cinco mil e quinhentos e tantos municípios do Brasil teve o seu processo eleitoral encerrado no último dia 3 de outubro. Ainda resta o segundo turno para algumas cidades do país, que têm acima de 250 mil eleitores e que não teve o pleito decidido em primeiro turno.
Por necessidade profissional e interesses particulares, acompanhei de perto a reta final da campanha eleitoral e o dia de eleição na cidade de Várzea Grande, no estado do Mato Grosso. Trata-se de uma cidade de porte médio, semelhante a centenas de outras em todo o país, onde ainda estão presentes resquícios fortes do coronelismo autoritário e ditador de regras, especialmente em períodos eleitoreiros.
Pois bem, esta experiência deixou claro alguns pontos incrivelmente importantes no processo democrático, seja aqui ou em qualquer país do mundo. A transição de poder é difícil, especialmente quando o grupo que está no comando criou raízes e montou uma máquina de geração de renda para si. E mais, quando este grupo está dirigindo a localidade há muito tempo, o processo se torna ainda mais complexo, pois gerações são "educadas" para não pensar, não questionar e, consequentemente, não agir. E há a disposição de fazer todo o necessário, literalmente, para não deixar o controle das rédeas, ou seja, o controle das burras de dinheiro público.
O que eu presenciei na cidade citada foi um exemplo do que provavelmente ainda acontece em muitos locais do país, e somente a atenção redobrada de cada um de nós pode limpar a estrutura de poder. É preciso colocar na gestão pública pessoas comprometidas com as necessidades locais e, acima de tudo, fiscalizar constantemente a gerência dos recursos e cumprimento das promessas.
Sinceramente torço para que você, cidadão brasileiro, tenha eleito vereadores e prefeitos que praticam a ética e o respeito em primeiro lugar, não recorrendo a táticas criminosas para se manter no poder, dentre elas campanhas de divulgação de inverdades sobre os concorrentes até compra explícita de votos.
Felizmente na eleição que acompanhei a "esperança venceu o medo", e um grupo que há quase 40 anos estava no poder foi destronado, para alento da população. Cabe a cada um dos cidadãos desta cidade, assim como de tantas outras na mesma situação, não permitir que a equipe que chega ao poder esqueça de trabalhar para a sociedade, e entre no círculo vicioso de atendimento aos interesses particulares.

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