Refletir para transgredir a ordem do superficial


15 janeiro 2004

Transgressão. Que palavra forte! Forte e fundamental para a evolução. Alguns podem considerá-la perigosa demais, talvez subversiva, até mesmo herege em dados momentos. Entretanto, a transgressão que apresento como rota para a evolução está longe de ser algo destrutivo, necessariamente. Trata-se de uma constante e profunda reflexão, alimentada pelo acréscimo de informações, cultura e vivências diárias.
Transgredir para quê? Para alterar a ordem do superficial. Na verdade, transgredir para destruir o superficial, e adentrar em nossa profundidade, conhecendo quem somos e o que queremos intimamente, caminho exclusivo para a paz interior. E será a transgressão uma atividade simples? Afirmo que não, pelo menos na medida certa. O que é possível enxergar, com freqüência, é a rebeldia juvenil, a manha da criança, o "piti" dos adultos, a expressão artística intrigante (e por vezes absurda) de alguns músicos, pintores, poetas e pessoas comuns. Ganha força o sentimento de "deixa a vida me levar", como sinônimo de transgressão, ao estilo da canção que tinha em seu refrão o "tô nem aí, tô nem aí!".
E se não é esse o caminho, qual será? Bom, respondo por mim, e somente por mim. Cada vez mais acredito que a trilha para a paz interior, e o equilíbrio entre nossas saúdes (física, espiritual, profissional, familiar, social, cultura, etc e tal) é o auto-conhecimento, aquele mesmo proposto pelo Oráculo de Delfos da mitologia grega. "Conhece-te a ti mesmo!". Esta é a dica mais preciosa! O que eu quero? Qual a finalidade da minha vida? Aonde eu quero chegar? O que eu quero conquistar? Quem eu quero que esteja comigo na caminhada? O que é importante para mim? O que é, para mim, essencial e acidental? São algumas perguntas alinhadas na mesma direção: compreender melhor o sentido de nossa existência. Pode parecer, e realmente às vezes o é, uma tarefa deveras difícil, cansativa e inócua. Impossível não concordar com isso. Mas não consigo me imaginar deixando de me fazer as tais perguntas, continuamente.
Puxa vida, então quer dizer que devo abandonar tudo e me dedicar à filosofia pura e simplesmente. Não! Até porque quando nos comprometemos a entender o que se passa dentro da gente, enfim, o que queremos, todo o externo, ou seja, a superfície, passa a fazer mais sentido. Fazer mais sentido se estamos na direção que verdadeiramente queremos para nós. Entretanto, se não estamos na direção desejada pelo íntimo da nossa alma, cabe um ajuste. Ignorar a sua necessidade é tapar o sol com uma peneira muito furada, diga-se de passagem. E o preço disto? Pouco motivação para viver intensamente, e conseqüentemente um grande desperdício de potencial, uma vez que a pessoa não se entrega com toda a sua capacidade às atividades diárias, uma vez que, lá dentro, ela sabe que elas a estão matando lentamente.
É, caro leitor. Conhece-te a ti mesmo. Antes disso, tudo, ou praticamente tudo, tem pouco sentido. E como fazer isso? São várias as formas, não resta dúvida. Aqui, agora, eu reforço a mágica experiência do voluntariado, que vem me transformando há alguns anos. Cada momento vivido em uma atividade que não carrega consigo interesses pouco nobres, é mais um degrau vencido na escada do auto-conhecimento. Doar-se e receber em troca, estabelecendo uma conexão com seres humanos, cria uma magia que as palavras não podem descrever nem de perto. Sendo assim, leitor cidadão, descubra uma atividade voluntária que encante a sua alma, e coloque um sorriso em seus lábios. E então dedique-se de coração, plantando sementes para a vida. Seja voluntário!

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