De braços dados com a vida


15 setembro 2003

Organização capixaba realiza ações que facilitem o diagnóstico e o tratamento do câncer infantil, considerando os aspectos físicos e psicológicos e dando melhor condição de vida durante o tratamento.

O ano era 1994, época na qual Rosângela ainda era uma criança. Como uma garota normal, desenhava cenários para o vasto futuro que se apresentava à sua frente. Mas um Fibro Sarcoma – espécie de tumor maligno – a fez alterar suas prioridades. Naquela situação, mais importante que sonhar com o amanhã era lutar pelo hoje. E o combate ganhava em dramaticidade cada vez que a mãe de Rosângela se questionava se teria dinheiro para se deslocar da periferia de Vitória, no Espírito Santo, para o hospital onde ocorreria a próxima sessão do tratamento. E não era apenas a passagem que corria o risco de não ser comprada. A mesa quase vazia dava indícios de que algum tipo de auxílio externo era urgente. Foi neste momento que a Acacci entrou em cena.
A Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil, organização social sem fins lucrativos fundada em 1988, fez a diferença na vida de Rosângela, a partir do momento em que forneceu um grande suporte para que o tratamento não fosse interrompido. Desde um espaço preparado para ficar nos momentos mais duros do tratamento, até a compra das passagens de ônibus e doação de cestas básicas na fase de acompanhamento, a Acacci esteve presente. O resultado desta história não poderia ter um final mais feliz, apesar de todas as variáveis negativas apresentadas no início. Rosângela venceu o câncer, e desde então vem, pouco a pouco, construindo sua vida. Mas a relação com a organização não se interrompeu com a cura. Segundo Suely Miranda Có, presidente da organização, “atualmente Rosângela é uma competente funcionária do setor de telemarketing da Acacci”. Recém-casada, ela segue seu caminho, de braços dados com pessoas que foram fundamentais na sua recuperação.
Esta é a forma de atuação da Acacci, instituição criada por um grupo de pais de crianças portadoras de câncer e por profissionais do setor, que se organizaram para dar suporte ao Setor de Oncologia do Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória. Suely lembra que o atendimento se dava em “instalações inadequadas, e que era preciso dar suporte às famílias das crianças atendidas, que vinham do interior do próprio estado, do sul da Bahia e leste de Minas Gerais, e que passavam por grandes dificuldades sociais”. Ainda segundo ela, estes fatores acabavam impossibilitando o esquema terapêutico e, conseqüentemente, a possibilidade de cura, o que quase ocorreu com Rosângela, por exemplo.
Desde a sua formação, a Acacci vem sendo dirigida por pais de crianças portadoras da doença e apoiada por profissionais da área de oncologia pediátrica do Hospital. Em sua trajetória de 15 anos, a organização já atendeu 1.373 pessoas, entre crianças, adolescentes e seus acompanhantes. Atualmente são 420 pessoas que têm na organização um ponto de apoio, tanto financeiro quanto emocional. Uma equipe de aproximadamente 30 funcionários fica responsável pela parte administrativa, limpeza, cozinha, assistência social e transporte, entre outras atividades.
A propósito, a Acacci possui 2 motoristas, responsáveis pela condução de 2 carros – um para recolher doações e outro para transportar os pacientes da organização para o hospital. A presidente da Acacci conta que “um destes carros, um utilitário confortável, foi adquirido com o dinheiro arrecadado pelo McDia Feliz de alguns anos atrás”. Esta parceria vem sendo responsável por muitas conquistas, entre elas a reforma da enfermaria do hospital e da casa, além da construção de uma sala de aula com computadores dentro do hospital. E esta sala vem cumprindo um papel fundamental, uma vez que permite às crianças internadas o acompanhamento escolar, impedindo que muitos percam o ano letivo. Atualmente a sala tem capacidade para atender 15 pessoas, entre crianças e adolescentes. Suely faz questão de frisar que “quando a criança não pode sair da cama e se deslocar até a sala de aula, a professora vai até o leito e dá seqüência ao processo de ensino”.
A captação de recursos dentro da Acacci vem ganhando reforços preciosos. Além da parceria com o McDia Feliz, iniciada em 1991, e que rendeu R$ 57 mil em 2002, a organização possui uma estratégia de telemarketing, realiza anualmente um baile e um chá-bazar e recebe apoio financeiro e de serviços de uma rede de parceiros. O mais importante, segundo Suely Miranda Có, é “se empenhar para estabelecer parcerias e envolver a comunidade na caminhada rumo à conquista dos objetivos”. Um exemplo é o bazar realizado ao final de ano, evento que mobiliza a comunidade local e gera renda através da venda dos convites e das peças que produzidas pelos próprios atendidos da Acacci. Suely informa que “os itens vendidos são resultado das oficinas de corte e costura, bordado e pintura que o grupo atual de 80 voluntários desenvolve regularmente com os pacientes, tanto no hospital quanto na casa de apoio”.
Além de conforto mental, as oficinas possibilitam geração de renda para a organização e para os próprios atendidos. Ainda segundo Suely, “já foram registrados casos de mães que aprenderam o ofício na Acacci e o transformaram em atividade profissional”. Fica claro que a atividade voluntária tem um papel decisivo, sendo um grupo atuante e transformador no dia-a-dia da organização.
O outro exemplo de captação de recursos que merece destaque é o selo “Compromisso com a criança”. Este selo é resultado de um trabalho desenvolvido pela Acacci e um grupo de universitários da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). No último ano de seu curso, este grupo decidiu elaborar um projeto de conclusão tendo como tema as atividades da organização social. Assim aconteceu, e ao final do trabalho, em agosto de 2002, “o grupo de estudantes doou a idéia e todo o planejamento, permitindo que a organização desse um salto na conquista de parcerias”, ressalta Suely Miranda Có. Atualmente são 56 empresas associadas ao selo, contribuindo financeiramente ou através da prestação de serviços, como lavagem de roupa de cama ou elaboração de campanhas de comunicação.
Buscando fortalecer a relação com os apoiadores, a Acacci preza pela transparência na gestão dos recursos. Anualmente um balanço de atividades é apresentado em jornais de grande circulação do Espírito Santo (A Gazeta, A Tribuna, Jornal Notícia Agora), dando conta do destino dos recursos, que no último ano somaram cerca de R$ 936 mil. Suely lembra que “recentemente a organização passou por um forte processo de auditoria, uma vez que estava concorrendo ao prêmio Bem-Eficiente de 2003. Felizmente ganhamos o prêmio, uma prova de que está tudo certo em nossa contabilidade”.
Assim como Rosângela – a personagem que simboliza a missão da organização nesta matéria – a Acacci planeja seu futuro, e tem ciência dos desafios. Recentemente uma grande área foi comprada, para que uma nova sede seja construída. Isto porque a capacidade atual está no limite há tempos, e o atual aluguel é um peso no orçamento. A construção se dará de forma modular, havendo um projeto inclusive para um espaço de tratamento para pacientes de transplante de medula, atividade que nem mesmo está disponível na rede hospitalar do estado.
E assim a organização vem perseguindo seus objetivos, organizando serviços de apoio emocional, moral, social e educativo às crianças portadoras da doença e sua família, tornando o tratamento menos doloroso. E para completar seus esforços, a Acacci luta junto aos órgãos competentes por melhores condições de assistência e tratamento, além de promover o estudo e o esclarecimento da doença e de seu tratamento junto à sociedade.
 “Ter um tratamento adequado contra câncer infantil é ter a possibilidade de voltar para a casa. É ter a possibilidade de voltar a sorrir, a brincar e ter uma vida normal”, conclui Suely.

Números da Acacci
• 56 empresas associadas ao selo “Compromisso com a criança”;
• Treinamento para colaboradores realizados de 2 em 2 meses por uma empresa parceira;
• Balanço publicado em três jornais de grande circulação: A Gazeta, A Tribuna, Jornal Notícia Agora;
• 80 voluntários atuando e histórico de 300 que já colaboraram com a organização;
• 1.373 pessoas atendidas na história da organização, sendo que hoje 420 estão em tratamento;
• 1.228 famílias são beneficiadas pelos projetos de apoio;
• Itens para doação: materiais de construção para a Nova Casa de Apoio, material para recreação infantil e para as oficinas de trabalhos manuais (corte e costura, pintura em tecido, bordados entre outros);
• Faturamento mensal: R$ 78 mil;
• Gastos mensais: R$ 72 mil;
• 5 lojas participando em prol da Acacci no McDia Feliz;

Dados da Acacci
Rua Elzira Vivacqua 127 – Vitória/ES
Cep: 29090-350
Contato: Suely Miranda Có
Tel: (0xx27) 3347 3998
Fax: (0xx27) 3337 9004
Área de Atuação ACACCI: Apoio a crianças, adolescentes e jovens portadores de câncer
www.acacci.org.br

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