Durante a visita do Canto Cidadão a Teresina, a APAE do local apresentou suas atividades, amplamente orientada para a transformação pessoal dos atendidos, em colaboração com a comunidade.
Em 2000 o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou um censo que apresentou a seguinte informação: 14,5% da população brasileira total têm algum tipo de incapacidade ou deficiência. São pessoas com ao menos alguma dificuldade de enxergar, ouvir, locomover-se ou alguma deficiência física ou mental. Traduzindo a porcentagem, o resultado chega a aproximadamente 24,6 milhões de pessoas.
No mês de setembro os diretores do Canto Cidadão, Felipe Mello e Roberto Ravagnani, estiveram na capital do Piauí, Teresina. Entre muitos eventos, a expedição de cidadania visitou a APAE da cidade, que existe desde 1968, quando foi fundada por iniciativa do Prof. João Porfírio de Lima Cordão e da sua esposa, Profa. Maria do Socorro de Sá Lima. A diretora da entidade, Dolores Bomfim, conta que os dois foram pais de um filho portador de deficiência mental profunda, cego, surdo, mudo, cardiopático e com um raquitismo patológico acentuado. Motivos potencialmente causadores de rancor, e que foram revertidos em uma obra de altruísmo que sobrevive até hoje.
O censo do IBGE citado no começo do texto reserva ao Piauí uma estatística mais elevada do que a média, no que se refere à parcela da população portadora de algum tipo de deficiência. Neste Estado, 17,6% da população se encontram nesta situação. Número bastante significativo, 20% acima da média nacional e quase 80% acima da estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) de que aproximadamente 10% de qualquer população são portadoras de algum tipo de deficiência. Motivo suficiente para contar com a atenção e o empenho de uma equipe grande de profissionais, que recebem diariamente um número igualmente grande de atendidos. Segundo Dolores Bomfim, “atualmente a APAE Teresina possui 354 alunos de 0 a 14 anos, que estudam, adquirem cultura, praticam lazer e esporte. A organização ainda oferece reabilitação, tratamento, estimulação precoce, iniciação profissional, apoio à família e assistência médica e odontológica”.
Entre tantos aspectos que chamam a atenção quando se visita um local como este, um com brilho especial é aquele relacionado com o desenvolvimento de ações que visam à inclusão social do público atendido. E na APAE Teresina isto fica evidente pela atenção dada às questões da escolaridade, introdução à literatura e informática. “Temos um laboratório com computadores de boa qualidade para aulas práticas e educativas, que são ferramentas importantes para a construção do conhecimento e desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas”, conta Dolores.
E o investimento na preparação destas crianças e jovens faz muito sentido, uma vez que 32,9% da população sem instrução ou com menos de três anos de estudo é portadora de deficiência. As proporções de portadores de deficiência caem quando aumenta o nível de instrução, chegando a 10% de portadores de deficiência entre as pessoas com mais de 11 anos de estudo. E o reflexo se dá na dificuldade de entrada no mercado de trabalho, especialmente para os portadores de deficiência mental: somente 19,3% das pessoas que declararam apresentar deficiência mental permanente estão ocupadas. As outras incapacidades permitem uma inserção maior no mercado de trabalho: incapacidade física ou motora (24,1%), dificuldade na audição (34,0%) e dificuldade para enxergar (40,8%). Para quem não apresenta nenhuma destas deficiências, a proporção de pessoas ocupadas sobe para 49,9%.
É importante esclarecer que a pessoa portadora de deficiência é aquela que se diferencia do nível médio dos indivíduos em relação a uma ou várias características físicas, mentais ou sensoriais, de forma a exigir atendimento especial com referência à sua educação, desenvolvimento, integração e inclusão social. Dispensável explicitar que também no atendimento a esta parcela da população o poder público, em todas as esferas, deixa muito a desejar. Em quantidade e em qualidade. O resultado, pela visão negativa, é o sofrimento de um contingente enorme. Olhando o copo meio cheio, a omissão e incompetência do Estado intimam e motivam a sociedade civil a se organizar, contribuindo para o equilíbrio social e exercitando a cidadania. “A dedicação à causa da APAE é resultado de uma necessidade evidente, uma vez que 50% dos portadores de deficiência no Brasil são deficientes mentais, de acordo com a Federação Nacional das APAEs”, relata Dolores Bomfim.
E o desafio é ampliado ao passo que fica nítido o misto de preconceito, desinformação e desinteresse de uma grande parte da população, assim como de empresas que investem em projetos de responsabilidade social. Basta verificar os relatórios de investimento na área social e comprovar que a maioria esmagadora dos recursos vai para projetos de educação de crianças normais. E para manter e desenvolver seus trabalhos, a APAE Teresina recorre a diversas fontes, tais como convênios com o Ministério da Assistência Social, Secretaria Estadual da Educação/PI, Secretaria Estadual de Saúde/PI, Fundação Municipal de Saúde e Prefeitura Municipal de Teresina. Estes parceiros participam por intermédio de convênios (pagamento por atendimento realizado), recurso para merenda escolar, contratação de professores, realização de teste do pezinho e cessão de profissionais dentistas e médicos.
Além das parcerias com órgãos públicos, a organização também realiza eventos como uma tradicional Feijoada. “É a melhor do Piauí. São centenas e centenas de pessoas que compram a camiseta (ingresso) e vem saborear nosso prato principal. E o melhor, a sobremesa é a certeza da continuidade dos nossos projetos”, informa Dolores Bomfim, diretora da APAE Teresina. Ainda são realizados bingos e bazares com brinquedos e outros produtos doados pela Receita Federal (de acordo com a lei que permite que itens apreendidos sejam doados a organizações sociais sem fins lucrativos devidamente registradas). Uma outra ação da APAE nacionalmente conhecida é a venda de cartões de Natal e o sorteio de brindes mais expressivos, como carros. São eventos encabeçados pela direção central das APAES, e que conta com a participação das unidades espalhadas por todo o país.
A instituição atende à população com diversos graus de gravidade de deficiência, e trabalha paralelamente na prevenção, especialmente pela realização do “teste do pezinho”. Este teste tem o objetivo de detectar precocemente erros inatos do metabolismo, responsáveis por diversas doenças que podem causar lesões irreversíveis (retardo mental).
Após a visita pelas dependências da organização, os diretores do Canto Cidadão conversaram longamente com a diretora do local. E dois pontos surgiram como grandes oportunidades de melhoria no dia-a-dia da APAE Teresina. E vale ressaltá-los uma vez que são recorrentes em diversas localidades visitadas pela expedição “Canto Cidadão em todos os Cantos”: captação e manutenção de voluntários e comunicação externa. Dois dados deixam claro o potencial de crescimento: atualmente são apenas quatro voluntários com dedicação regular, e esta organização repleta de boas notícias para compartilhar e solicitações a fazer não possui uma página na rede mundial de informações. Sem dúvida alguma são deficiências que podem ser reparadas, para que a APAE Teresina invista cada vez com mais qualidade o seu tempo, competência e carinho na melhoria da qualidade de vida dos portadores de deficiências atendidos por ela.
Mais informações sobre esta organização pelo telefone (86) 222-7925 ou pelo e-mail apae-pi@bol.com.br ou ninarosas@hotmail.com
Rua Des. José Messias, 1158 – Bairro Piçarra CEP: 64014-300 – Teresina/PI
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