Vida longa aos protagonistas!


1 agosto 2014

Antes de tudo, uma provocação inspirada no filósofo alemão Friedrich Nietzsche: quem tem um porquê para viver pode suportar quase qualquer coisa. 

Desde 2002, o Canto Cidadão, organização social sem fins lucrativos que eu ajudei a fundar e ainda hoje sou gestor, vem me ensinando o valor do protagonismo em todas as áreas de nossas vidas. Por falar nelas, costumo observá-las por três ângulos, todos conectados, mas com peculiaridades próprias: dimensão pessoal, dimensão profissional e dimensão social. 

Voltando ao aprendizado na caminhada, vou direto ao que me inspira quando o assunto é cidadania, ou seja, o resultado das atitudes individuais para a vida coletiva. Cidadania é a busca por alegria coletiva, que acontece quando pessoas talentosas se reúnem para colocar suas habilidades também a serviço da construção de bons encontros, onde quer que estejam. Chamo novamente as dimensões da vida humana. Em casa, no trabalho ou na rua, o protagonismo é a decisão de assumir o papel principal da história da qual faço parte. E todos fazemos parte deste momento da história, na localidade onde escolhi viver, com as pessoas que transitam de várias formas por caminhos coincidentes aos meus. 

Aprendi ainda que a sociedade é um hospital, pois todos temos a oportunidade de construir ou destruir relacionamentos, dado que somos pacientes e cuidadores, simultaneamente e em tempo integral. O ser protagonista busca não fugir à sua responsabilidade como cuidador. De forma estruturada ou orgânica, este personagem reconhece o que Immanuel Kant, também filósofo alemão, disse: a maioridade existencial só pode ser alcançada quando nos tornamos cuidadores. 

São inúmeras as armadilhas que podem nos afastar da atitude protagonista, sendo duas especialmente perigosas:

  • Mimimismo: trata-se do hábito de reclamar de tudo, não propor nada, e colocar defeito em tudo o que os outros propõe. O perigo não está no ato de reclamar, que afinal pode trazer luz aos problemas. O perigo é, sim, somente reclamar sem proposições, assumindo a postura de arauto de tragédia que não traz consigo qualquer voz de esperança.
  • Anestesia: trata-se da postura de abandono frente aos desafios, uma vez que os sentimentos e o sentido da vida não estão ou nunca estiveram claros, com capacidade de inspirar o individual a seguir adiante, para o seu bem e para o bem de quem passa por seu caminho.

Assim, longe de ser um sonhador descolado da realidade, o protagonista está mais para um promotor ativo e competente de sonhos, próprios e coletivos, uma vez que acredita que a transformação de quaisquer realidades passa, inicialmente, pela decisão individual de ser um ator principal, e não um figurante espectador e passivo.

Como qualidade essencial do protagonista, portanto, além da busca continua pela alimentação dos seus sonhos, o reconhecimento da importância dos sonhos dos outros. Empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro, como trampolim para grandes vôos coletivos.

Aos protagonistas, vida longa e alegre, para que possam seguir cada vez mais conectados consigo e com o mundo, reclamando menos e propondo mais, repetindo menos e criando mais.