Vontade de aprender para viver melhor!


15 setembro 2005

Dispostos a seguir em sua caminhada, os Joãos e Marias que conheci naquela noite me mostraram algo muito especial: por mais distante que pareça o nosso destino final, não vacile em dar um passo após o outro.

Há alguns dias realizei uma palestra juntamente com o Roberto Ravagnani no Camp-Pinheiros, uma ONG que trabalha com formação complementar de jovens do ensino médio, buscando a colocação destes no mercado de trabalho, na condição de aprendizes. Não foi a primeira vez que estive lá, uma vez que a parceria com esta ONG já dura mais de um ano. Pelas nossas palestras já passaram certamente mais de 1000 jovens.
Mas a última me causou um sentimento especial. Vale lembrar que dessa vez o público não era o mesmo, ou seja, a palestra não foi realizada para um grupo de jovens. Na verdade era um grupo muito heterogêneo, com pessoas de idades que variavam entre 25 e 80 anos. A platéia da palestra era a turma de alfabetização de adultos do Camp-Pinheiros, resultado de uma parceria da entidade com o CIEE.
Bom, o que importa mesmo foi o sentimento que ficou daquela experiência. Quando se pensa em fazer uma palestra para um grupo diversificado como esse, imediatamente o comunicador deve se preocupar com a forma e o conteúdo, para que todos possam captar as mensagens. Principalmente quando o tema tratado está longe do dia-a-dia dos espectadores. E este era exatamente o caso, uma vez que a palestra trataria de cidadania, e aquelas pessoas estavam longe de figurarem na condição de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. Um desafio, mas um desafio com uma motivação especial: entender o que se passa na cabeça deles.
A palestra transcorreu tranquilamente, com momentos de descontração, típicos nas palestras do Canto Cidadão, e também com momentos de reflexões e emoções. Ao final do evento, as pessoas vieram agradecer pelas informações e pelos momentos prazerosos que tínhamos passado naquela noite. Nada muito diferente do usual, felizmente, e sem falsa modéstia.
Mas no caminho de casa, e nos dias seguintes, um questionamento me cercou! Afinal de contas, qual seria a motivação daquelas pessoas? O que levaria, afinal, uma senhora de setenta e poucos anos a buscar as letras e os números? Não teria ela outras preocupações mais prementes?
Bom, algumas respostas me chegaram. Descartei algumas e considerei outras, me apegando a uma delas. Lembrando que esta resposta pode estar a quilômetros da real motivação daquela senhora, assim como das outras pessoas que lá estavam. Mesmo assim, quero crer que o que mobiliza aqueles seres humanos é a busca pela dignidade e crescimento.
Pode parecer vago e simples, mas é para ser assim.
Aquelas pessoas não se deixaram vencer pelos preconceitos, pela luta diária, e outras desculpas que costumamos colocar no rumo de nosso desenvolvimento pessoal. Dispostos a seguir em sua caminhada, os Joãos e Marias que conheci naquela noite me mostraram algo muito especial: por mais distante que pareça o nosso destino final, não vacile em dar um passo após o outro. Estabeleça seu objetivo e siga com a firmeza dos campeões. Para alguns, saber escrever seu próprio nome pode parecer uma tarefa ridícula, mas para aquelas pessoas era uma conquista memorável.
Aplausos para eles, e para todos aqueles que determinam seus objetivos e caminham para eles, por mais simples que possam parecer.
Um abraço e até breve!

<!– AddThis Button BEGIN –>

 

[removed]// <![CDATA[
var addthis_config = {"data_track_addressbar":true};
// ]]>[removed]
[removed][removed]
<!– AddThis Button END –>